Venho lá do
alto
De onde os
olhos
Não chegam
Venho
devagar
Em passos
que se afundam
No silêncio
da terra
Os meus
passos falam por mim
Como se
revelassem cada sombra
Que eu
perdera no caminho
Perdi muitas
sombras
E muitos
olhares
Que ficaram
sozinhos de si mesmos
Não sei para onde vou
Apenas donde venho,
de longe
onde as memórias não existem
e o espaço é uma vaga memória
do tempo
Não sei para onde vou
Apenas donde venho,
de longe
onde as memórias não existem
e o espaço é uma vaga memória
do tempo
Eu vim de
longe
Além do fumo
exonerável
E do
nevoeiro fugidio
Que se
escapou
Das ondas
pela madrugada
Com o seu
sorriso ladino
Levemente aberto
para o fundo
De um cosmos
perdido
Sou aquele
que não é
Aquele que
apenas sente
Aquilo que
não vivo
cada átomo da sombra
que me persegue
cada átomo da sombra
que me persegue
Chego por
fim
A este lugar
nenhum onde me encontro
Ele fala-me
numa voz
Sibilada
Como no sítio
donde venho
Um sítio
exterior impregnado
De coisas
vazias
Um sítio
confuso que se confunde nas minhas
Palavras
E depois por
breves momentos
Não sei onde
estou…
Como em
tantos outros sítios
acontecera
PoReScRiTo
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