Nos passos
negros
Que revelavam
Este tão
incompleto eu
Que a sombra
escondia
Eu que me
escuto
Que preencho
os meus
Ossos
Com a chuva
cinzenta que caía
Formando orvalho
na minha alma
Sou algo de
salgado
Algo de
indelével
A sombra do
mar
Cheio desta
carne que não é minha
Uma carne
próxima
Que me toca
por dentro
De cada
sonho
De cada
olhar que o escuro clareia
Na sua
imagem dispersa
E infinita
Eu ilumino o
escuro
O ar
respira-me levemente
Como se
também fizesse
Parte de mim
A solidão
abraça-me
Num estranho
amor
De lágrimas
silenciosas
E tenho
saudade
Saudade de
ter motivos
Para ter
saudade de alguém
De alguma
cor
Que nunca
tornarei a ver
De um
sorriso rasgado
Que morrera
nos meus
Olhos presos
Nesta imensidão
de pensamentos
Que se
confundem no sentimento
Nunca
pensarei em sentir,
Isso seria
anular-me
Cegar-me com
pensamentos
Inúteis
E frases
vazias
Cheias desta
metafísica do nada
Estou triste
Triste por a
tristeza
Já ser uma
coisa tão natural
Que já nem
me apetece estar triste,
Não estou
triste de todo
Apenas espero
por aquele
Que sei que
não vem
Apenas bebo
o meu juízo
Numa felicidade
estática
E passageira
(Finjo que
estou feliz,
Estou cansado
de estar triste,
E por breves
momentos
Isso roça a
felicidade)
Sinto-me
como doente
Sinto tudo há
minha volta a deslizar
Na voz fina
e volátil
De um adeus
Uma sombra
mutável
E escura… da
cor dos meus pensamentos
( a cor de
que tenho saudade, e que abraça as estrelas de cada vez que sonho)
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