quinta-feira, 12 de setembro de 2013

P.S.



PASTOR DE SILÊNCIOS



Todos os dias
Guiava os silêncios
A pastar as almas
Esses prados infinitos


Nunca vi o silêncio
Mas já o escutei
Sentia a sua voz
Fraca e velha


O som omnipotente
Espalhava-se pelo mundo
Como uma doença
Ouviam-se os tiros da guerra
Que ecoavam nas ruas


O Mundo era o próprio som
Eram eles que estalavam os corpos
Esses lobos impiedosos
Espicaçavam a carne
Que morria com sofreguidão
Mas em silêncio
Com a Paz do Senhor …


Recolhia os silêncios
Para o seu abrigo
A minha alma que é
Como um poço infinito
Onde a água
Esse ser inerte
Devora os feixes de luz
Que assombram o meu rebanho


 Meu corpo respirava silêncio
Não produzia qualquer som
Vivia em comunhão com o
Meu rebanho de silêncios
Sou silêncio…

Os galhos das minhas árvores
Tocavam o silêncio
Arranhavam-no
Para irem mais além
Para rasgar o manto primordial

As formigas
 Arrastavam-se
Pelos seus túneis de silêncio
Sobre as teias
 Que ruminavam o som

E quando o mundo se apagou de mim
O silêncio morreu
Não tive mais tempo
Porque o tempo
Nunca se cruzara com o silêncio…


PoreScritO