segunda-feira, 25 de março de 2013

Estava à Janela…





Estava à Janela…


Onde os aromas da vida perfumam minhas narinas, um cheiro doce e profundo, que se reflecte no meu olhar meigo e fresco.
Choro…
Não passa de uma ilusão!
Olho em redor.
Vejo a planície branda e verdejante…
Nada!
Já não me reconhece, apagou-me do seu livro de memórias.
Já não existo!...
O rio, todas as manhãs de Primavera, me dava um repuxo de luz, que penetrava a minha carne e jazia em meu coração.
Era o único sinal que provava que eu estava vivo!
Agora também ele não me reconhece…
Não me entra pelas 7ete portas da minha alma, das minhas 7ete vidas.
E ao desmaiar da tarde, quando o sol beijava, em despedida, as searas, pintava-as com os seus raios doirados!
O Sol!
O pintor do mundo!
Que todos os dias se aconchega na relva fofa, dorme profundamente
Colado ao rosto dela…
Eu fujo da minha prisão, tacteando as paredes estreladas, estou vivo!
Já vivi mais um dia.
Assim, estava eu à Janela . . .
Neste meu adentramento, dentro de mim, numa outra realidade em que me conheço, porque também ela é a minha.
…Em minha mão direita, uma leve pressão!
Sinto-a e me desperta, deste despertar da mente, vagueante por infinitos mundos meus.
Sinto que è uma outra pele, que reconheço de um meigo fundo!
Olho a minha mão. . . vejo uma outra, outra mão, que é a mão de minha Mãe!
Me invade um calor, de mil brilhantes sóis, de Amor!
Me escuso a voltar o olhar . . . pois sei que lá está aquele sorriso cheio de infinito e o Olhar Luar cintilante de Lua Cheia.
Eu sei . . . stão lá!
Olho apenas em frente, onde existe aquela árvore, a mais perfeita de todas, em que aquelas mãos empurravam um baloiço, onde estava eu, e me sussurrava . . . “não temas. . . voa . . . voa até sentires o firmamento ser teu … “
O mesmo sussurro que ouvia  . . . a entrar em brisa . . . enquanto estava à Janela!


[prosa a duas mãos - Porescrito  &  pH 5.cinco]