quarta-feira, 17 de julho de 2013

noite felpuda

o vento parecendo frio
conforta o ser
nesta noite de verão

que nos calca os corações
embebidos pela solidão
no seu ninho obscuro

enquanto pássaros felpudos
dançam no restolho
olho corpos celestes
e penso

a estes inocentes bichos
é-lhes vedado
o dom do descabimento
que se sente
no seu olhar intrépido

como os corpos celestes
animais inertes cintilam
no breu restolhado

deitados a olhar os astros
que param de cintilar
para se deliciarem
com aqueles rostos divinos
que se erguem
e lhes roçam a pele
branca e poeirenta
que se assemelha
à dos seus irmãos


o imberbere & Porescrito

sábado, 13 de julho de 2013

MORTOS VAGABUNDOS




Sente-se-lhes o sangue
Que lhes alimenta os rostos
“Morrem”!
Moribundos da dor
Esses “Mortos” vagabundos
Que calcorreiam o destino
Que entregam os seus corpos
Como objectos da vida

Abraçam-se os cadáveres
Pautando o sons dos estalidos e da dor
Que vertem medo
A batalha final!
Onde morrermos, encardidos pela fé
Que nos acolhe num espírito de dúvida

Lutamos contra o campeão de “Deus”
Que nos fere até na podermos mais
Na vida em que engordamos o seio de “Morte”
Em que nos deitamos,
Para lhe saciar a fome.




Eu “Morto” que sou
Consegui vencer a vida material
E encarnar corpos que vivem por mim…




Porescrito





sexta-feira, 5 de julho de 2013

xadrez

mais uma partida
às vezes perdemos a conta
tabuleiro familiar de verniz antigo
ainda lustroso apesar de estalado
acompanha os anos da tua pele
o estalar dos anos
às vezes perdes a conta

a pele castigada pelo tempo
ainda guarda as marcas do trabalho áspero
numa idade em que ser criança
não fazia parte dos planos
;
o imberbere