quarta-feira, 9 de julho de 2014

Noites de Criação


Uma noite, imaginei o mundo
Neste meu entardecer
Soprei um fio de vento
Que decompunha as ténues linhas
Das pétalas de silêncio

Um mundo desfilava frio
Expandindo-se pela janela,
Tocava o vácuo absoluto
Rasgando-o com as suas garras
De céu

Sentia o assombro das luzes,
Ao nascer
O cintilar fino dos ramos
E escutava as árvores,
O seu leve respirar de criança,
Embaladas pela brisa leve da noite…

As nuvens vibravam
Quase ausentes na paisagem,
Estavam quase como o sonho
Que morria no lento crescer do céu,
As águas chilreavam contentes
Como se também elas
Quisessem rasgar o céu

Foi numa noite que sonhei
O mundo…
Antes apenas um sonho de mim mesmo,
Se acendia na ausência do escuro
Antes nem o escuro viera…
Nem o nada…porque de nada
Se tratava

O céu brilhava todo
Até o negro reluzia…e depois…
Cinzas térreas, cor de nada,
Brilhavam na pela dos golfinhos,
Que saltavam com o rancor
Das águas do céu…

Imaginei tudo,
Tocava com os dedos um sonho
Mais real que a própria realidade,
…A noite…
Que roçava mansa nos meus dedos
Que percorria todas as cores do céu
Esqueço o meu sonho…
E agora ainda o oiço
Cada vez mais longe
Nos seus cândidos fios de pele

Cada vez estou mais surdo
Para aquilo que é real,
Um mundo transfigura-se
Aos Meus olhos,
Cada vez mais distante no céu

Quão irreal
É a realidade que há em mim,
Que oiço-me partir pelo céu
Deitado numa noite bordada
De estrelas…

Eu que te criei nas sombras
Do meu escuro,
Arde um fumo branco
Pelos meus cabelos,
Esse perfume de caos transparece
No meu olhar,
Desapareço nas sombras da janela…
… Em paz…

Acordo do meu sonho
Agora nada à para existir
E só eu, sempre foi eu
Nestas noites de Criação…



PoReScRiTo 


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