sábado, 5 de julho de 2014

Lágrimas de estrada





Sinto a neve
Que brilha ao horizonte
Nunca a vira ou ouvira
Apenas sentia o seu desfolhar leve
A cintilar-me no peito

Um braço guia-me
Por entre seara
As espigas sibilam ao meu passar
Adentro-me nelas na sua pele fina
E passo ali noites e dias
A sentir o vento passar…
A lua ilumina-me os cabelos
No seu toque misterioso

A mão fica cada vez mais fria
Mais…Branca…
A orla fria dos meus dedos
Ia amanhecer um dia frio de Inverno,
Então eu desperto
Essa mão guia-me pela estrada
De névoa,
Depois toco uma névoa mais azul
Uma seara mais céu

Escuro…Negro…
Léguas da minha estrada…
Tudo finda no embarcar
Da minha jangada…

Por entre búzios prateados
E ondas vermelhas
Da aurora,
Agarro uma estrela
Silenciosa
Ausente na sua presença
Juntamo-nos num só corpo
Numa dança estelar

Eu esvoaçava pelas correntes
Numa contracção completa
De mim…
Toco por fim o seu ventre imaginário
Sinto-a cada vez mais uma sombra
De mim…
Findo numa folha que cai
No chão,
Encontra a sua sombra
Que arde nas suas margens quentes

Desapareço…
Nesta união de astros
Que sou eu…

Quando olharem o céu
da noite,
...em que sou...
não me confundam com
o negro das árvores
ou com o branco das
estrelas...
confundam-me com paz
uma cor que brilha
no céu,
nas águas de calma
...de uma cor que não é...





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