As folhas reluziam
Como estrelas
O vento roçava-lhes a pele
Espadeirava os seus aromas
Entre ramos
Bailavam os
ares
Naquelas garras
de céu e noite.
Erguiam um
profundo silêncio
Que se abria
em grandes
Pétalas brancas
Via por
entre aquelas finas agulhas
Essa luz
incolor
Essa ausência
metafórica
Que é o
Criador,
Os galhos
seguravam os seus cabelos
De oiro,
Que esvoaçavam
no ar
Imaterial dos
meus olhos
Estava ali
entre peles e folhas
Entre ramos
e ausências,
Lá habitava
um rosto disperso
Que o meu
olhar imaginava,
As maçãs do
rosto quase apagadas
No espaço,
Um nariz
fino encardido em névoa fina,
Por fim
olhava um vazio escuro,
Lá bem
dentro habitava um olho limpo
De paz…
O escuro
brilhava
Em pequenas
luzinhas prateadas
Desaparecia na
ilusão dos meus olhos
Por fim
Só eu fiquei
A contemplar
aquele vazio imenso
Por entre
ramos de incenso
E folhas de
olhar ateu…
Gotas de
inferno caíam
O seu caudal
de sangue
Arrastava-se
no céu,
Eu olhava-as
e pedia um desejo
Ele esvoaçava
e ficava
Suspenso na
minha sombra
Uma gota
caiu-lhe no cabelo
Desfez-se
lentamente
Na sua chama
indolente
Via-se nos
seus braços
O azul
branco do céu
Pétalas de
sangue pendiam
Desapareciam
na pedra
Fria,
E por fim a
sua sombra
Caiu,
Agora solitária
Tenho pena
De nunca ter
testemunhado
A ausência
do Senhor,
Tenho saudades
daquele
Fio profundo
de inexistência
Que ele
emanava
Olhava por
entre aquele cardume de folhas,
O sol
desabrochava
Num daqueles
ramos,
Pétalas de
sangue nasciam
Daquele ventre
apagado
O espaço
Apagava-se
dos meus olhos
E apenas o
sol ainda brilhava vermelho
Na minha
desumanização…
Toda a
árvore
Era um sonho
vivo,
Vibrava no
céu
Iluminando a
terra
Com o se
soprar de sombras
Um anjo
branco erguia-se
Naquela intermitência
luminosa do escuro…
PoReScRiTo
Sem comentários:
Enviar um comentário