quinta-feira, 3 de setembro de 2015

Nada Apenas

Rostos simples
Palavras grossas e quentes
Que aquecem os dedos amanteigados
Pelo inverno
Essa estação nostálgica onde o calor
Nos sossega
O calor de cada palavra antecipada
Cada frase antiga
Que estala no verniz do cadeirão, intemporal

A chuva que escorre
Nos meus olhos, nos meus dedos
Cada vez mais febris, onde as lágrimas
Deslizam como ondas
Quase verdadeiras
Quase como a personificação da tristeza

Um sorriso de mármore
Habita o céu
Triste e solitário
O tártaro cinzento aninha-se
Na lua, doente e mortiça

Tudo transpira e respira
A sua própria ilusão
A sua própria tristeza
No nevoeiro que se esconde
No vazio de cada palavra

Parece haver algo sucinto
Algo que se esconde
No sorriso molhado
De qualquer coisa
É como se algo imaterial paira-se
No ar
Enquanto a loucura dos homens
Está acesa
Como uma vela que morre na ilusão
--como se tudo fosse apenas nada--

PoReScRiTo

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