O sol seco
jazia na sua
altura
jorrando as
suas últimas lágrimas de luz
a sua chama
apaga-se
na sua
iluminada tristeza,
as labaredas
adormecem no fitar do vento
e as suas
folhas douradas descaem,
e tocam as
margens quentes da sombra
As cores desmaiam
no seu andar frouxo
juntam-se
num uníssono
compondo as
árvores que refletem o céu,
cantos marulham
nas suas águas mornas
uma folha
afoga-se na névoa
e desfaz-se
em vértebras de silêncio…
O céu secou
no seu
chorar crónico,
as gotas ténues
desaparecem,
na pausa
firme das ondas,
semeando os
sonhos no ar
eles ali
estão nos braços finos
dos sopros,
habitando as suas feições vegetais
Também a
minha carne se desfez
em sonhos de
utopia,
eles
desfolham-se na verdura
morrendo na
sua igualdade
Ao longe uma
cegonha passa
com as suas
penas douradas
que deslizavam
num voo branco
que cortava
o rosto infinito do céu,
ela
atravessa-me no seu luto branco
enquanto sonha
a miragem…
Vejo bem por
entre os galhos,
por entre os
dedos de vento,
que pintam o
céu,
eles, erguem
o sangue minguante
do meu
escuro húmido,
que adentra
a luz singela do meu sorriso,
a luz desaparece
no meu pensamento
e leva
consigo todo o meu ser…
Figuras martirizam-se
na roda crepuscular
das minhas
manhãs,
a luz da
ausência dilui-se no anoitecer perene
dos meus olhos…
Enquanto me converto em penas
líquidas que volteam pelo ar,
elas habitam-te, são as sementes
do teu luar de prata
Pequenas feições brancas tocavam-me,
vozes ácidas da cal,
envocavam a vestes brancas
desta morte invernal !
A noite desfilava,
as barcas reluzentes
tingiam o céu de branco,
agora voavam em bandos
com o seu olhar vazio,
no céu enlutado de brancura...
Pequenas feições brancas tocavam-me,
vozes ácidas da cal,
envocavam a vestes brancas
desta morte invernal !
A noite desfilava,
as barcas reluzentes
tingiam o céu de branco,
agora voavam em bandos
com o seu olhar vazio,
no céu enlutado de brancura...
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