certo dia este passarinho voou até mim
veio ter comigo
aparentava estar ferido
um canto triste, baixinho, quando o havia
olhei melhor
reparei que no lugar do coração tinha um buraco, um vazio
não tinha coração
um vazio, no lugar do seu pequenino coração
quem faria isto ao pobre passarinho?
passei dias com ele
e acabei por lhe fabricar um pequenino coração
feito à sua medida
a partir de um pouco que retirei do meu
é que neste mundo
os crescidos não precisam lá muito do coração
e eu, já sou crescidinho
;
o imberbere
quinta-feira, 27 de dezembro de 2012
domingo, 25 de novembro de 2012
Rosa do Mundo
Morro para voltar um dia
Um dia em que o sol destorça
o espelho do mundo....
o espelho do mundo....
Estou cego e espero que o sol ilumine
As coisas belas do mundo,
Aquilo que me abre a
Vontade de viver,
De ser algo.
Olho com os meus olhos
Cinzentos e meigos vidrados
Em sangue
O Mundo
A Rosa
que
Pica a minha áura.
Porescrito
sexta-feira, 19 de outubro de 2012
deaf shepherd
Lamentos retumbantes
preces redundantes
por onde andas Pastor?
Bom Pastor
o que por entre
os uivos lobos
nos conduz
No prado de erva cinza
a densidade, o ar,
abafa voz nossa
se nos perde toda
no éter
a vibração d'esperança
Fé...
não sei o que é
por definições
dadas ou por vir dar
nessa bandeja de explicação
não a migalho
eu quero é
sentido-A
TÊ-LA
por isso ainda
Lhe grito
Lhe atiro com TODA a minha RAIVA
com TODO o meu INSULTO
. . . Para que oiças Pastor !
TE INSULTO . . .
P h 5.c i n C O
domingo, 30 de setembro de 2012
O MEU CANTO
Estou disperso em mim
Nas chamas douradas
Do tempo!
Nos sorrisos presos por um fio
Vivo de luz da fresta da janela
Bebo de águas de esmeralda
Que correm junto da minha janela
Embebido em tempo e desejos!
A debater-se contra as paredes
Frias da escuridão do meu quarto…
As nuvens choram e escrevem com
Gotículas, as páginas da minha vidraça
As nuvens pintam seus códigos no céu
E a lua define-lhes a sua imortalidade
Escrevo no meu caderno
Os textos do céu
Guardados por um manto de névoa
Envolto em mim
Num quarto escuro, meu berço do mundo
…
Onde guardo as páginas da minha solidão! ...
Ouve-se a voz do vento
Uma voz misteriosa…
Uma língua mais antiga que o tempo
Mais antigo do que a existência da vida
Guarda segredos, que conta a
Quem quiser ouvir…
Porescrito
FALTA
Passa este ciclo eterno
Passa a vida por mim
Nem me esboça um olhar
Um perdão
Falta algo em mim
Algo que eu não sei
Essa falta seca-me a vista
…
Não vejo o que está em mim
Essa intuição de ser eu
De desenhar a vida na minha cabeça
Mas não posso desenhar o que não existe
O que está perdido
Encostado a um canto de mim
Sozinho…
A aguardar a falta
Para ter vida após o fim!
A falta é uma ausência de algo
Não uma ausência de mim…
sábado, 22 de setembro de 2012
cela
ao canto da cela escura e solitária me encontro
oiço o metal da pequena janela da grande porta deslizar
"segue-me!"
a porta abre-se, e atravesso um e depois outro corredor
bastante iluminado, demais até, começo a sentir náuseas
por fim chego a sala, brutalmente iluminada e brutalmente ruidosa
visitantes atiram berros
reclusos atiram berros de volta
no intuito de se fazerem perceber, para além das filas
três filas de grades que os separam
minha irmã, visitante no meio de visitantes
minha única família, desde que fui colocado aqui no hotel
intensificam-se as náuseas, a ponto de insuportáveis
viro costas, o guarda balbucia algo que não entendo
faço-lhe apenas um gesto com a mão e saio da sala
prefiro ficar na minha cela
é escura e silenciosa
isso reconforta-me
;
o imberbere
segunda-feira, 27 de agosto de 2012
PROFUNDIDADE DAS PALAVRAS
Por vezes as […]
Podem perfurar mais do que
“A afirmação”
O que será a seguir?...
Ao longe habita um […]
ele é o sinal do horizonte
O Medo de ficar a perder
É constante
A incerteza do incerto
Do próprio futuro
Dos seus caminhos
Cerra os olhos e imagina
sente as gotas do poço do fim
tocarem-te a alma
sente as gotas do poço do fim
tocarem-te a alma
Que virá depois...?
terça-feira, 21 de agosto de 2012
hoje não fainamos
fustigam a vidraça
desta velha barraca
que nos serve a nós
alcoólica melancolia
hoje não fainamos
hoje bebemos
ao companheiro
que o mar para si quis
mais um copo, agora
a ti meu miserável
que sopras na vidraça
e nos bates á porta
queres entrar e
fazer-te convidado
a mando do mar
teu velho amigo
foste enviado
para da perda
nos troçar
;
o imberbere
segunda-feira, 20 de agosto de 2012
ATORMENTO
As palavras
Que ecoam na minha memória
São interrogadas
Interrogue-me …
Passo as noites com a cabeça
Virada para outro mundo
Fico suspenso
Entre as ondas do tempo
Organizo os factos
Duma incerteza incerta
Jogo com a longitude das palavras …
Uma Certa Mania da Pequenez
As Coisas do Mundo, sempre as ouvi dizer que eram Grandes, das coisas existe até a mania das Grandezas!
De sempre procurei, agora Sei, que procurei as Coisas do Mundo, pelas pequenas as Grandes.
Todas foram insignificantes, porque pelas pequenas nunca cheguei às Grandes, Ás Grandes Coisas do Mundo!
Todas as Grandes, depois de as procurar, encontrar, como coisas Grandes, acabei por sentir que Não Eram Grande Coisa . . . As Coisas Grandes do Mundo!
Por imperativo de algum aperfeiçoamento dos Sentidos, procuro, desejo, anseio, sentir-me mais pequeno, um sentir pequeno, colocar todos os Sentidos em modo encolhido de pequenez.
Talvez assim, talvez . . . as coisas pequenas, que antes, enganadoramente, me faziam chegar às ilusórias Grandes, as perceba agora como Grandes e as outrora procuradas Grandes se tornem ENORMES . . . A ENORMIDADE das Coisas do Mundo.
Sim, as Enormidades!
Ah . . . mas a Esperança é diminuta, pequena de pequenez…
Talvez as Coisas Grandes do Mundo, só tenham a Grandeza da sua pequenez . . .
sábado, 18 de agosto de 2012
A RAZÃO
A alma controla o nivelado e desnivelado da razão
Todo aquele que se sobrepõem a seu redor
Todos aqueles que se opõem a um só ser
A uma só razão
A algo incompleto
Submerso pela mágoa do tempo!
Pelas páginas pendidas no meu caderno de memórias
Onde guardo a vontade de contemplar “A RAZÃO”
Uma religião antiga
Sem sentido e sem caminho…
Porescrito
terça-feira, 14 de agosto de 2012
serei-a perdição
diva terrestre
e astuto ser aquático
mulher, também peixe
mas não cheira
tem odor ebriático
atraente a jovem
uma vez amaldiçoada
enfeitiça com voz e beleza
os pobres marinheiros
e ilude com armadilhas
de sedução, a sereia
noiva de marinheiro
amante de corsário
a meretriz do pirata
;
o imberbere
segunda-feira, 6 de agosto de 2012
A IMPERFEITA PERFEIÇÃO
Duas sombras gélidas trocavam olhares escuros
Usavam as palavras para se elevar
O sol controlava o seu posto
Com as suas faixas de luz turvas e imperfeitas
Essas sombras continham a sua essência
Essa era inocentemente incapaz de perceber
Por que a perfeição é tão perfeita
A medida que o sol cai
A palavra conhecida por (imperfeição) cessou
Inicia-se perfeição
Uma lei sem ordem
Em que as sombras alargam o seu império o seu ciúme
Nem réstia de afecto sucumbia …
Apenas se elevavam sombras solitárias
A medida que o tempo galopava
Nada se sentia perfeito
Por estar acima do céu
Acima de tudo o que aquelas almas obscuras
Pudessem pensar
A imperfeição ficou nessa necessidade perfeita
E converteu-a á imperfeição
Que é onde os homens habitam
Homens com tamanhos imperfeitos
Mas com sombras de tamanho perfeito e claro!
Porescrito
domingo, 5 de agosto de 2012
velhos d'restelo
sexta-feira, 3 de agosto de 2012
As pessoas das coisas escuras
No momento em que estas estou screvendo, estas esconjurando, vai brilhando ainda uma certa luz de verão, amornada já pelo final de tarde.
A lua antebrilha no leito que já reclama como seu céu, anunciando toda a prepotência da sua pregnadíssima entrada imperial.
Hora perfeita, derradeira para a luz e para a penumbra a primeira.
Abandonando-se a lux, se vai abraçando adentrando no escuro, nas coisas pardas, em pessoas pardas, com pensamentos pardos.
As coisas dos escuro e as pessoas que lhe são propensas e lhe sentem a sugestão do reino dos pardos.
Pardo pardas e pardos sim porque o profundo perfeito e absoluto escuro, em nós, não existe.
Há sempre uma fresta, uma frincha, por onde brilha uma luz, mesmo que mínima pequenina, reclamando seu espaço, consumando o pardo.
Julgo até que a nossa alma, vem equipada de série, ab ovo, com uma lucerna, que por toda a nossa vida faz uma lux trémula pequenina, devota, brilhar a uma infinitude qualquer.
A maldição!
Maldição inoculada que nos acompanha pardos e determina pardos a nunca conhecer a penumbra o escuro profundo, onde intocável, repousa virgem, o Todo, o Absoluto, o Mistério.
E nós aqui, os muito pardos, a julgar perceber entender e conhecer. . .
Que Pardos!
pH 5.cinco
quarta-feira, 1 de agosto de 2012
IRMANDADE EM ESCRITA
Ao longe entoa a vontade
A vontade que se esconde
Onde vocábulos
Comem furiosamente o chão
O tecto do mundo
Onde passa uma brisa
Que dá vida ás palavras
E ao seu criador
Ele torna-se imortal …
E dessa brisa surgem milhões de outras
Elas formaram a irmandade em escrita
A irmandade mais poderosa do mundo!
Onde a vida corre pela eternidade
Como a brisa das palavras…
Porescrito
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