Recordava tristemente
O tempo, em que juntos
Olhávamos o pôr-do-sol
Eles eram pai e filho
Corpo e sangue
Era húmido
Acabado de pintar
Pela nossa imaginação
Ser ardente e feroz
Queimava as sagas
Da nossa língua
Levava-lhe todos os sonhos
Distantes e perdidos
Eras seu guia
Levavas-nos embriagados
Pela carnificina húmida do sol
Sua carnificina era doce e distante
Via-se ao longe, quão bela era a luta
Distante…
Hoje vejo uma mancha gigante
Uma LUX, negra e fria
Aberta no céu
Ela abre a sua carne
Toca-me com seus
Dedos cegos e doentios
Dedos que abrem melancolicamente
A tua sepultura, abraçam-na
Como um avô cego, que é o sol
Hoje descansas corpo solitário
A tua língua nunca mais irá verter
Qualquer palavra…
Olhava-mos juntos o pôr-do-sol
Tu com teus olhos livres tocas o infinito
Eles estremeciam com o latim
Das tuas palavras …
O teu latim que
Andou por mares distantes,
Que combateu o demónio
Em busca do Santo Graal!
Esse Santo cobria o céu
Deixas-te o folclore dos pássaros
Se despedirem de ti,
Eu que ingenuamente
Morrerei a ouvir o
seu canto
Morrerei como a tua língua
Mas ela flutuará pelo espaço
O que foi, e o que é…
Juntos olhávamos o pôr-do-sol
O pôr-do-sol
Numa das suas inúmeras mortes;
Sorria!
PoReScRiTo
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